No quinto dia do nosso curso fomos novamente visitar uma escola! Desta vez, foi a escola Sipoon Lukio em Sipoo, nos arredores de Helsínquia. Tivemos de ir de autocarro, bem cedo.
A paisagem até Sipoo é, ao mesmo tempo, deslumbrante e agreste e nela pudemos constatar a presença de neve e extensas aéreas de floresta, ainda despida.
Chegados à escola, ficamos a saber que bem ao lado tinha outra escola, correspondente ao nosso ensino básico, e que visitaríamos uma escola semi-privada. Contudo, convém referir que as famílias não pagam pela sua escolha de colocar os filhos numa escola privada ou semi-privada. O ensino na Finlândia é gratuito para todos. Ponto.
Iniciámos, então, a nossa visita com uma breve explicação do seu funcionamento por parte do diretor. Para melhor nos orientarmos nas aulas da escola, deram-nos um horário com as disciplinas, cujas aulas estavam a decorrer.
De seguida escolhemos as aulas que queríamos observar, entrámos calmamente e assistimos a algumas delas.
Aqui, numa aula de Sueco:
Peço-lhes que olhem com atenção para os alunos (há alunos a dormir, a olhar para o telemóvel, outros que saíram da sala e voltaram, outros que saíram e não voltaram), e também para a posição do professor na sala de aula (está à frente, com a disposição das mesas da forma tradicional). Voltaremos a estas questões numa reflexão final.
Aqui, apenas uma curiosidade, o bar da escola... Não têm muitas preocupações com a comida saudável, como os nossos governantes e escolas.
Fomos as várias aulas e fomos perguntando aos alunos coisas básicas como:
- Gostam das aulas? ("Nem por isso");
- Há alunos indisciplinados nas aulas? ("NÃO", seguido de franzir de sobrolho e estupefação);
- Os alunos insultam os professores? ("NÃO" seguido, de novo de estupefação);
- Alguma vez tiveram casos de violência sobre um professor ou funcionário? ("Violência, como?" Risos.)
Pelo menos nesta escola, não, não há violência nem disfunção em sala de aula. Mas... Já lá vamos.
Também ficamos a saber que esta escola tem apenas um funcionário administrativo e duas assistentes que apenas fazem a limpeza da escola. os professores desempenham muitas das tarefas que em Portugal são desempenhadas por funcionários administrativos. Um funcionário ganha entre 2.500€ e 3.000€, mas os finlandeses, na sua generalidade, são muito discretos em relação a estas questões e não gostam nada de falar sobre elas.
Depois de assistirmos às aulas, um grupo mais pequeno (Cândida Neves Couto, Fernanda Castro e Silvana Neves) foram visitar a biblioteca que é frequentada tanto por alunos e professores como por membros da comunidade, já que é uma biblioteca pública e se situa mesmo ao lado da escola.
Tínhamos hora marcada e aí fomos nós.
Aqui na narração da nossa participante Silvana Neves:
"Fomos calorosamente recebidos pela diretora pedagógica por um funcionário que nos explicou que a biblioteca tinha sido construída em 1968 e renovada em 2010, com um enorme acervo de fundo documental.
A biblioteca era enorme, com muita luminosidade natural, com várias áreas de leitura, de trabalho e de lazer. Tem, ainda, um anfiteatro, kitchnette, e uma sala de trabalho, de catalogação, edição, restauro e demais trabalho.
Para além disto, existia também uma sala direcionada aos mais novos, com pufes, sofás, devidamente alcatifada (tivemos de tirar o nosso calçado) e com um ecrã para projeção de filmes, mais parecendo um confortável bosque encantado.
A biblioteca tinha ainda um varandim interior/mezanino, com mesas e colunas de som, onde os visitantes podiam ouvir música e ler e trabalhar ao mesmo tempo.
No piso de baixo era possível ainda estar num espaço muito agradável, um recanto de exposição de obras de arte, com várias telas de artistas finlandeses, com um enorme balcão de atendimento, onde existia um sistema automático de recepção de livros, que posteriormente eram organizados e colocados no seu lugar devido. Constatámos também que todo o mobiliário era muito adequado e orientado para cada zona, e muito robusto e com possibilidade de mobilidade através de rodas.
Por fim, confessamos que ficamos extremamente felizes por termos encontrado nesta biblioteca vários exemplares de livros do nosso Nobel da Literatura, José Saramago. Contudo, era o único autor português..."
E, pronto, voltamos a Helsínquia, pois ainda tínhamos uma viagem até à Estónia à nossa espera!
Aqui, já prontas para embarcar no ferry-boat que nos levaria até Tallin, a capital da Estónia, do outro lado do Mar Báltico, a cerca de duas horas e meia de distância, mais coisa menos coisa.
Chegadas a Tallin, exaustas, mas felizes, fizemos o reconhecimento dos arredores do nosso hotel. Foi muito engraçado, pois os nossos compatriotas ficaram todos no nosso hotel. Combinado, não teria corrido tão bem!
No final da tarde, pois já tínhamos adotado os horários nórdicos, fomos jantar a um restaurante medieval. Comemos carne de urso e de alce, a fingir, já se está mesmo a ver. Valeu pela diversão!
Depois, voltamos a passear pela cidade velha, com recantos lindos e a noite dava-lhe um mistério medieval muito especial.
Arrasadas, voltamos ao hotel, com as nossas expectativas completamente cumpridas. Tallin é uma capital lindíssima, com um espírito medieval muito marcado. Sem dúvida, recomendadíssima, por todos os motivos!
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